sábado, 8 de maio de 2010

Do grito e seus silêncios.

Ela sentia que carecia de dizer-lhe de sua inquietude. Sua brandura e suavidade de agires sufocavam o desejo que ela tinha de gritar.
Ele a ouviu silenciosamente. Somente seus olhos falavam, o que já lhe era de um barulho ensurdecedor.
Então calaram também os olhos.
Mas ela carecia de dizer-lhe.
Falou-lhe da vida e de seus deslocamentos.
Falou-lhe das cores que via.
Mas ele, rígido que só, negava-se a colorir o desenho que fez de si. Guardava feito papel dobrado no bolso.
Ela, ríspida, já não sabia buscar palavras suaves.
Ansiava que ele a pegasse pela mão e a levasse a lugar qualquer, sem destino.
Para ele, um desatino, não saber pra onde ir.
Ela falou-lhe ao pé do ouvido: Vamos tentar. E silenciou o grito.

Um comentário:

  1. Moça, quisera eu saber de que moço tu falas. Escreves tão diretamente que parece falar de todos e de cada um.
    Mas digo, não silencie teu grito, desde que grite por aqui. Tem me agradado ler estes teus gritos em seu blog.
    Até o próximo grito.

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