sábado, 11 de agosto de 2012

Faz tempo.


Vê, Alice, que lá longe vai por becos estreitos o aglomerado de dias de outrora. E rodam e rodam e se afastam a perder de vista.
Vão-se dias e cria-se histórias.
Cria-se passado em cada presente, Alice. É a roda do tempo que atropela a gente.
Atropela e leva risos e planos e melodias e conversas e ideias e palavras e tudo. Atropela e deixa marcado na pele.
Corpo é armazém de histórias.


E faz tempo, tempo...

.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Na boca.



são estes gritos que me atemorizam os ouvidos e o corpo
que treme e a alma
que encolhe e a vida
que cala.
antes, sussurros na boca
do estômago
mas, as borboletas
se vão.

o que temos escolhido, gritos ou sussurros?

domingo, 8 de janeiro de 2012

Em tropeços.


.mas, se me entorpeço em páginas e histórias e personagens e vidas outras
,é para fugir dos meus tropeços e de tudo e de mim e da vida minha.
Me diz, Maria, por que as pessoas falam em seguir em frente?
Cada passo à frente, Maria, é como dilacerar os pés nesse chão de nada
: como cortar-se em cacos do que nunca existiu.
.é esse barulho do vazio que me atormenta, Maria.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Flutuante


e, se te encantam os pés da bailarina, Alice
, é por deslizarem livres sobre um chão que parece não existir.
São as melodias quem dirão dos passos e compassos que ela dança e salta e encanta e se deixa encantar em cores e luzes e almas e silêncios...
Quanto durará o salto da bailarina, Alice?

Por mais que queiras, não serão teus olhos a ditar a coreografia.

E, para que, Alice, tanto medo de estar sem chão?
se, para flutuar, não se precisa que os pés o toquem...
Apenas flutue, Alice. Flutue.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mas, não soltes minha mão.


: olhe; que é desse teu olhar-de-mil-dizeres
, que a vida vai ficando mais leve
; e os fantasmas se calam
; e as dores amanhecem
; e o mundo e o tudo e o nada adormecem sem doer.

: fecha teus olhos; que de olhos fechados não há o que temer
; e fugir
; e sair
; e perder.

: respira, mesmo que ofegante; que as angústias se acalmam
; e os afetos se abraçam
; e o tempo esquece de correr.

: abraça; que a vida esquece de doer
; e a gente nem sente
; e desatam os nós, quantos houverem entre a gente.

Mas, não soltes minha mão.

sábado, 26 de novembro de 2011

Num piscar de olhos.


E se eu não mais fechar os olhos, Maria, é porque temo.
Talvez, porque tema um tanto mais quando os for abrir novamente. De olhos fechados, calaram-se os fantasmas e dissolveram-se as dores do mundo
e de mim
e os temores e tremores de minhas mãos.

As cores que vi com os olhos fechados, Maria, eram um bom tanto mais vivas do que o que agora posso enxergar.
Sim, Maria, havia cores.
E havia um tom manso na voz e uma calmaria e suavidade de agires
e uma melodia com as palavras e uma vontade de tudo sem pressa de nada.
E não havia fantasmas.
E não havia temor.

E então eu me pergunto, Maria: houve mesmo esse mundo-meu de detrás das pálpebras?
Ouve, Maria!
Se quando abri os olhos já não existia mais nada; se de olhos abertos é esse cinza-fantasma que (des)colore tudo agora, Maria...
É que quando abri os olhos, só restou cinza.

E é tão difícil caminhar sobre cinzas, Maria.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Outono fora de época [ou Perecível n.2]


e quando sobra apenas esse espaço vazio, Janaína?
Esse amontoado de restos, rostos, sorrisos rasgando a lembrança da gente...
Parece que o corpo guarda memória debaixo da pele, Janaína. Por que a gente ainda sente abraços que já não existem mais?
Quando é felicidade, Janaína, parece que não cabe, que transborda do corpo e da mente e da razão e de tudo. Mas quando é de se ficar triste, cabe tanto, tanto espaço...

sobra tanta falta nesse interior da gente, Janaína.

sábado, 19 de novembro de 2011

Perecível


Me diz, Janaína
o porquê de tantos espaços vazios
nesse interior de mim.
Por que, Janaína, de estar imersa em tantos pontos finais a um só tempo verbal?
Acho que a gente se sabota às vezes, Janaína.
Se sabota e bota a culpa na vida. E chora e sofre
e entorta os abraços
e se desespera e cala e grita e morre sem saber.
Me diz por que, nessa vida, os pesares são tão perecíveis?
A gente padece por pensar que a dor não passa, Janaína.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

dos fantasmas.



Mas, até que os fantasmas se calem, Maria, ainda haverá medo do escuro.
E haverá esse medo do abraço novo e essa palpitação de não-sei-de-onde e esse (des)espero de estar perdida. 
São estes meus fantasmas que têm me abraçado, Maria. E me apavoram tanto, tanto. 
E apavora-me também o silêncio que fazem diante dos meus gritos. É, Maria, talvez meus fantasmas não falem mesmo. Mas, por que, Maria, que sou eu quem tem que falar?
Se estes meus fantasmas falassem, Maria, eu diria a eles que...
Na verdade, se eu falasse com meus fantasmas, Maria, eu diria que fossem embora. Talvez seja mesmo eu quem cale. Talvez, porque eu deseje mantê-los perto de mim. Mas, por que, Maria?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

entre pálpebras.



Mas, se me apavora o erro
e se preencho-me agora pelo medo
faz de mim coragem de trazer-te para tão perto
onde caiba o fechar dos olhos.

pois, se distante os fecho
é quando encontro-me junto ao caos
onde não me cabe entendimento, onde não cabemos nós

somos sem sentido,
sem razão.
sem.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Do baile.



e o vestido estava ali
: esquecido.
não havia mais renda, nem flor
; nem cor, salto, sonho ou sorriso.
cessara a canção antes de tocar.

nesse baile, Maria,
dança quem pode
; tropeça quem não sabe o passo
: e vive quem não tem juízo.

a vida às vezes adormece os sonhos, Maria.



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quarta-feira, 27 de julho de 2011

entre entretantos.

a gente é contra;
contradição
polos distantes;
oposição
a gente é grito, guerra, revolta;
revolução
a gente é feito do que arde a pele, pedaços de dor
a gente é feito pássaro sem ninho
entre tantas flores
entretanto a dúvida
entre nós, ardores.

a sós, amor.

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terça-feira, 19 de julho de 2011

De não-encontros



:a verdade é que escrever tem sido minha única forma de juntar meus cacos; meus restos de nada; meus pedaços de mim.
;juntar palavras faz sala para esse meu (des)encontro com toda minha ausência de nada e de tudo.
:fujo de mim quando escrevo; de todos os mins que me venham atemorizar.
:e toda vontade de escrever sem conseguir que as palavras se queiram ser escritas, testemunha em mim  resistência em encontrar [ponto].
. Não temo o que posso encontrar. Temo o vazio. Temo o desencontro.
Talvez nossos maiores temores sejam temores de não-encontro, sabe...
não-encontrar querer
não-encontrar cacos
não-encontrar, sequer, o que temer.

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sábado, 2 de julho de 2011

Contradição

...

mas, a gente sabe tão pouco dessa vida.
E corre de pés descalços feito criança livre.

mas, a gente teme tanto o viver
e entorpecemos nossos corpos em copos tão cheios que só testemunham nosso vazio.
E a gente teme tanto a morte
que acaba por não sentir a vida

A gente sonha tanto, tanto
E mantém-se desperto para realizar.
Esquecemos que o abrir dos olhos cessa sonhos.

A gente lembra tanto, tanto nessa vida.
E corre atrás do futuro mesmo estando no presente e não se desvencilhando do passado.
A gente é tudo a um tempo só.
E é só quase o tempo todo.

A gente sofre é de reminiscências.
A gente sofre a troco de nada.
E vive a troco de não sofrer.

a gente sabe tão pouco dessa vida, tão pouco.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Da sabedoria.


e podes ter certeza, José, de que
versos viajam
          : no vento
; tão mais do que nós sabemos
          : do tempo.
a gente pisca e a vida passa, José.
; mas nosso abraço abarca desejo
          : de fechar os olhos
          ; de sempre-mais.
: e isso basta, José. Isso basta.


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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Do trilho.


.põe na roda esse teu amor que é passageiro.
.põe na roda
: na roda do trem.
.porque meus caminhos trilho sozinha
: não careço de ninguém.

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Imagem original aqui.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Nota sobre o desejo e seus t(r)emores.



É tanta vontade de tudo a um só tempo,
Que esquece meu desejo 
de que tenho um corpo só.
E titubeiam minhas pernas e palavras 
e me treme o corpo e o copo nas mãos
e viro e vejo que sede da alma não se cessa em gole algum
: me treme a vista e as vestes e as verdades e vontades.


Já não sei a trama do passo e do papo
e dos goles e das letras e linhas.
Tremo.
Entre tantas palavras, entretanto, são ainda os não-ditos que me embriagam o corpo e tatuam a alma.
E temo.
: o vazio do silêncio é que encoraja o desejar.


Teimo: é de desejo que se faz tremer corpo e copos e papos e pernas daqueles a titubearem  com as palavras.
É de t(r)emores que se mudam os corpos de lugar.





Imagem original aqui
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

nota (sobre a) partida.

O que tenho 
feito é| me ferir os pés 
todos os dias| nos 
cacos que deixamos. 

Que fosse 
embora,| mas 
que levasse contigo| nossos 
restos de nada.
:é esse nada que me fere os pés.

Toda tentativa| de
pisar em nossos
restos| é me cortar
no nada.

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Carta de luto à Janaína.




Me diz, Janaína
o que a gente leva dessa vida torta
a não ser a vontade de viver.

A gente rega a alma pra brotar aprendizado, Janaína?
Me diz por que tanta lágrima de uma só vez.

A vida tem mudado acelerada, Janaína
e há tanta coisa a morrer pelo caminho.
Me diz o porquê de tanta pressa nessa vida,
que já não consigo medir os passos e espaços entre os pés calçados. [calçados sim, Janaína, pois tenho sentido medo do chão; medo de pisar nos próprios cacos]
Tenho tropeçado tanto.
Tenho morrido tanto.
Tenho tropeçado em mim.

O que mata de verdade, Janaína, é ter de fazer luto daquilo que, para mim, ainda não morreu.

Me diz, Janaína
o que a gente leva dessa morte toda
a não ser a vontade de viver.

vontade de.
e só.
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* imagem aqui

terça-feira, 19 de abril de 2011

[sonho nº 1]

Há um bilhete na geladeira e ele marca: 16:22h - Teste físico. Teste físico? Mas eu não sabia! Olho no relógio: está em cima da hora. Corro. Pego carona com minha irmã, mas ela só vai até a metade do caminho. Desço da moto, entro no carro com amigos - outra carona. Tem que ser depressa. Rápido, mais rápido! Cuidado, não dá pra ver a continuidade do caminho, pare! Não, amigo, não é uma ladeira, é uma escada. Tenho certeza! Não desça! Tarde demais. Está tudo estremecendo na descida de carro pelos degraus. Ah! Estamos vivos, ótimo. Ainda consigo chegar a tempo, se correr. Corro. Chego. Penso: 'toda essa corrida já foi um teste físico'. Errado. Chega o teste. Amarelinha [é...aqueles quadradinhos que criança brinca pulando no chão mesmo]. Pulo. Erro. Enraiveço - 'amarelinha é teste lógico, não é físico'. Questiono impondo minha certeza: 'isso é um teste lógico, não é físico'. Vem a resposta embutida em questão: e o físico é dissociado do lógico?


Diz o que é de corpo, que esta alma traduz
diz o que é de alma, que esse corpo conduz.
traduz, conduz e diz,
ainda que cale.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Por via da dúvida.



Agora já não há mais pés descalços a deslizarem incertos e o corpo já não fala canções cantaroladas ao vento. Cala.
[por via da dúvida, agora se vive de certeza]
Apertam os pés as sapatilhas da bailarina em seu palco escorregadio e solitário.
: pés com calos de um corpo calado.
: palco de corda bamba.


 - É na ponta do pé calejado que se leva a vida.


Mas, se há tanto temor em tocar o chão, tanto que se vai na ponta dos dedos...
[melhor que ensaies os passos]
Mas, se há tanto desejo [e dúvida] pulsando, tanto que faz titubear os pés indecisos de que via seguir...
[melhor que ponderes tuas coreografias]
E, se os olhares cruéis da platéia ameaçam a significação da dança...
[que mantenhas a certeza, ainda que na ponta dos pés].


 - É de pontapé que se caleja a vida.


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sábado, 9 de abril de 2011

Bilhete no livro de José.




Acalme teu coração, José, que a próxima página há de ser melhor. Há de haver recompensa para tanta dor. Mais faz doer meu corpo e pensamento ver que tenho doído em você. Se eu soubesse que o final do livro é feliz, me permitira ler com menor aflição essa história toda.Sei que tenho virado depressa demais estas páginas, José. Mas, o que se há de fazer? Sei que tens corrido por elas, cansado e apressado para tentar me acompanhar. Ah, se eu tivesse certezas, José! Repousaria contigo em cada página. Por via das dúvidas, tenho guardado com carinho cada livro e volto a eles com as minhas certezas, se a vida assim permitir. Ah, José, e se ela permitir...Se ela permitir que eu volte em cada livro, tudo há de ser mais doce. A gente tem mesmo dessas coisas; vive tão urgente que pula palavras e idéias e linhas e versos e vira páginas sem sentir. Mas que seja dito e escrito e lido e contado que, qualquer que seja o final da história, não será feliz se não estiveres comigo, José.


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quarta-feira, 23 de março de 2011

Planos para procrastinar viveres.



Amanhã eu vou botar a boca no mundo
[já cansei de enfiar o mundo na boca]

Amanhã eu vou botar o bloco na rua,
[dentro de mim ele tem feito barulho ensurdecedor]

vou enfiar o pé na jaca e em outras expressões clichês.

Amanhã eu vou deixar meus pés lado a lado;
hoje tem sempre um atrás.

Amanhã eu vou viver;
hoje já não dá mais tempo.
Aliás, meu hoje já não dá nem tempo e nem dá mais nada.
queimei meus minutos planejando o amanhã.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sobre passados, pressas e perdas.



Vai pisando leve, 
passe sem pisotear teus passos e pessoas e passarelas e o que passar 
pelo caminho.
O que passar [e que passe], seja tão somente passado preterido ao que agora é. 
Perfeito ou não. Pretérito e só.
Seja.
Padeça do que é de pele, que é de segundos 
e passa. Passional. Mas passe. Por favor, passe.
(sus)pire pelo que te arrepia a pele e os pés e os pecados e os pesadelos.
(res)pire e não enlouqueça com tanta pressa de ser e ter e (vi)ver.
Perca esse teu medo de perdas. 
Apresse-se em perder tua pressa de tudo 
e de nada e de muito e de sempre mais e de nunca mais perder tuas perdas.
E passe, por favor. Passe, que já não posso mais pedir copos e corpos e passar
por eles
sem sentido e sem senti-los e bebê-los e vivê-los.
Passe.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Para (ac)almar corpo.



Vá com calma
:um pouco mais de corpo
para tanta alma.

Um copo a mais
,e calma.


Um corpo a mais
:por favor.
É muita alma.


Um corpo a mais
:acalma. 




Créditos pela imagem: aqui




domingo, 13 de março de 2011

Suspiros para testemunhar sentidos.



Têm corrido as horas, meu bem.
Dias, meses e anos passeiam por nossa pele sem urgência.
E permaneces numa memória para além de.

Deves mesmo ter me aguçado os sentidos.

Te sinto amanhã como se fosse agora.
Tens agora, desde ontem, o mesmo poder de me desvencilhar do chão.
Faz-me ainda flutuar como quem é livre,
mas, sem perder-me como quem é tola.
Por mais longe que eu vá, teu suspiro é o que me liberta
mesmo me mantendo tão junto.

Tens me aguçado os sentidos.

terça-feira, 8 de março de 2011

Do sonho-só


Mas, se você tivesse ficado, Joaquim, estarias a ver que as coisas pelo lado de cá andam melhorando a contento. Se tivesses dito que tinha medo, eu temeria também com você. 


Não deixaria-te só com teus assombros. 
Nem te assombraria com os meus.

Se você tivesse ficado, Joaquim, poderias agora construir a tua morada. As coisas pelo lado de cá andam mesmo a melhorar, Joaquim. Mas tiveste tanta pressa e, afobado que só, deixou tudo para trás. 


A gente faz mesmo dessas coisas, de tanto querer viver um sonho, acaba por deixar de viver a vida, e de sonhar mais também. 
É como gente de um sonho só.

Mas se tivesses voltado logo, Joaquim, ainda terias aqui aconchego para sonhar em meio aos escombros que deixou. Mas tu (que outrora tiveste tanta pressa), retornaste deveras tarde, Joaquim, tão logo eu acabara de recolher o entulho.
Mas aprenderás outro sonho-só, Joaquim. Você gosta de aprender sonho-só, como que por medo de sonhar demais ou de demais sonhar com alguém. 

Sonhe só, Joaquim, sonhe, e só.

domingo, 6 de março de 2011

In-verdade, digo.

    O que temos, de fato, vivido? Se existe aquilo a que chamam verdade, ouso dizer que temos vivido mentiras; mais que isso, temos construído inverdades. Se o real é tão insuportável que nos faz tocar o mundo e a vida por meio da fantasia (ou do delírio), quem ousa aqui dizer que sabe o que é real?

    Os monstros e príncipes, e bruxas e fadas que habitam os diversos imaginários por aí, podem ter rostos e nomes diferentes para cada um de nós, mas, ainda assim são monstros e príncipes e bruxas e fadas e a história inteira que construímos para eles (ou, com eles).  Esse simples detalhe revela algo maravilhoso (e de direito): ninguém é dono da fantasia de ninguém.

    Portanto, respeitemos nossos temores frente aos diferentes monstros. Amemos e odiemos intensamente nossos príncipes. Culpemos nossas bruxas e demos graças à nossas fadas, não importando nome e rosto que tenham para mim e para você.

    Que sejamos egoístas a ponto de achar que sabemos qual é a melhor verdade para um sujeito, tudo bem. Mas, que isso não nos permita impor as realidades que produzimos. A vida é feita de possíveis. Lembre-se que o teu narcisismo, que te leva a venerar teu rosto e teus personagens, não lhe dá o direito de (des)identificar os meus.

    Não existe realidade, real-dado, o que existe é o ponto divergente entre a sua fantasia e a minha. Respeitemos o limite.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Da urgência (e) de mim.

Sou dessa gente urgente 
que palpita e pulsa.


Tomada por um mais-querer de cada instante
querer além de.
Quero tudo tão, 
tão...agora.
Mas, o agora é tão...breve.


Tenho urgência que (de)mora em corpo e mente


E, se agora tenho apenas o que de agora é
quero um mais-sentir do que nele ocorre
um mais-arder
sabores, texturas
passos e descompassos 
e mundos
e possíveis.


até passar
para outro agora.
em breve. 


até que venha e até que passe,
(agu)ardo.




É essa minha urgência que me delicia e me consome em simultâneo. É tudo tão..agora. E o agora é tão breve. Devo ser breve.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Da dor e do esquecimento

a gente esquece 


para não doer. 


a gente dói. 


a gente queima. 


a gente morre todo dia e nem se lembra.






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