quinta-feira, 1 de julho de 2010

De um trans-bordar.

Neste dia, ela parecia caminhar sem sentir os próprios passos. Passeava pelos espaços feito alma despida de corpo. Habitavam-lhe multidões de idéias entrelaçadas. Dessas que não se querem organizar. Dessas que escorregam a qualquer tentativa de dar sentido.
Sentia seu corpo trans-bordar. Tão despida estava, que o mínimo toque se fazia sentir feito abraço forte ou punhalada.
O tempo escorregava-lhe por entre os dedos, caía em gotículas soltas ao vento. Percebera que tantas dores, tantas cores e ardores são feito folhas que se agitam com o vento e então são levadas por ele a dançarem de outras formas, em outros passos e espaços. Movimento.
Tantos mundos a habitavam em simultâneo, que ela sentia as idéias saltitarem descompassadas no peito. Palavras represadas por não encontrarem via de escape. Tantas vidas. Tanta gente. Tantas cores. Sabores. Dores. Ardores.
E transbordou, enfim. E, o que seriam as lágrimas senão um inundar os olhos de palavras que não se sabe dizer?
E elas escorregavam, as lágrimas, a fazer arder a pele queimada pela saudade, pelos faltares, pelos despedires.
Sentia-se intensa, porém. Sentia-se viva. E não é, afinal, de intensidade que o corpo transborda?

6 comentários:

  1. nossa...adoreiii. falou td. vc escreve mt bem. e td haver com nosso dia..nossos transbordamentos...de sentimentosss, de vida!

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  2. menina, transbordei =)

    gostei muito

    bom demais te ler


    beijos
    G

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  3. Ahhh, Mary, o que dizer?
    Lindo, simplesmente lindo! Primoroso? Sim!
    Que bom ter encontrado você e tua escrita nesse louco espaço virtual!

    E a alegria de poder me ver traduzida nessas linhas em movimento?! Sem preço!
    Quantas vezes as minhas lágrimas não são "senão um inundar os olhos de palavras que não se sabe dizer?"

    adorei...!

    um bjo,

    Talita.

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  4. Ah, coisa bonita de ler e sentir. Veio tudo aqui, feito tufão.

    Beijo enorme, menina-coração!

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  5. Somos sempre coletivo! Somos compostos a muitas mãos, de muitas mãos.
    A pele existe para ser transposta, transbordada.
    A vida está entre.

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  6. Voltei só pra ver se tá tudo bem aqui. Ontem o blogspot "pirou o cabeção" e resolveu devorar os comentários de todo mundo! rsrs
    Mas tá tudo aqui, né, flor?

    Beijocona

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