terça-feira, 8 de março de 2011

Do sonho-só


Mas, se você tivesse ficado, Joaquim, estarias a ver que as coisas pelo lado de cá andam melhorando a contento. Se tivesses dito que tinha medo, eu temeria também com você. 


Não deixaria-te só com teus assombros. 
Nem te assombraria com os meus.

Se você tivesse ficado, Joaquim, poderias agora construir a tua morada. As coisas pelo lado de cá andam mesmo a melhorar, Joaquim. Mas tiveste tanta pressa e, afobado que só, deixou tudo para trás. 


A gente faz mesmo dessas coisas, de tanto querer viver um sonho, acaba por deixar de viver a vida, e de sonhar mais também. 
É como gente de um sonho só.

Mas se tivesses voltado logo, Joaquim, ainda terias aqui aconchego para sonhar em meio aos escombros que deixou. Mas tu (que outrora tiveste tanta pressa), retornaste deveras tarde, Joaquim, tão logo eu acabara de recolher o entulho.
Mas aprenderás outro sonho-só, Joaquim. Você gosta de aprender sonho-só, como que por medo de sonhar demais ou de demais sonhar com alguém. 

Sonhe só, Joaquim, sonhe, e só.

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