segunda-feira, 17 de maio de 2010

Do moço e seus (in)ventos

Ela sentiu como se um vendaval de idéias torturantes lhe embaraçasse os pensamentos.
Só não lhe embaraçava os cabelos porque estavam presos, bem do modo que o moço não gostava de ver.
Certa feita, ele a dissera que achava belo ver seus cachos dançando no ar. Mas ela sentia agonia quando essa dança se fazia depressa. Parecia não desfrutar dos passos que ele (in)ventava.
O moço sabia embaraçar-lhe os cachos e as idéias. Mais que a ventania.
Ele não se embaraçava por nada. Era líquido como o mar. Apenas ondeava.
Ela sentira ciúmes do equilíbrio que ele tinha. Quisera ela tê-lo também.
Se tivesse este equilíbrio, vendaval algum embaraçar-lhe-ia os pensamentos.
Se tivesse este equilíbrio, o moço até lhe embaraçaria os cachos, mas não as idéias.
Ele sabia ser mar. Ela, talvez fosse o próprio vento.
Ou talvez fosse o moço o vento, e ela, o mar.
É, talvez.
Ou , quem sabe, fossem ambos mar, tempestuosos pelo vento a lhes embaraçar em um.

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